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Jornalista, torcedor incondicional do Vasco da Gama e defensor ferrenho da liberdade de pensamento.

sábado, 18 de junho de 2011


O último crime

Uma janela se abre
no alto da torre, a procura do tempo.
E o que se vislumbra
é apenas um horizonte sombrio...

Na torre um homem,
olhar taciturno, espreita o silêncio.
E o som que carrega um grito profano

são gritos humanos no seu pensamento:

- "Que fazes agora, ó homem insano?
Que fazias antes, em tuas primaveras?
No claro do dia posavas de santo
À sombra da noite soltavas as feras!"

O homem vagueia
na sala vazia, perdido no rumo.
No peso dos ombros
o fardo de todos os crimes...

As vozes que gritam
de dia e de noite, nas suas entranhas,
não lhe são estranhas.
São vozes que um dia enterrara profundo:

- "Que dizes agora, ó homem maldito?
Que és nesse instante de escrota miséria?
Em vida tu foste constante perigo
Na morte, aos vermes, serás vil matéria!"

O homem confuso,
olhar taciturno, revolve à janela.
Espreita o horizonte
um pouco menos sombrio...

- E as vozes se calam, no exato instante fatal!

Àquele homem já não existem portas abertas.
Somente uma janela para o crime final...

terça-feira, 7 de junho de 2011




Ode ao Sertão

Nestas tardes de verão, de sol a pino
onde o tempo se atormenta à claridade
onde o chão resiste inculto e inteiro arde
se equilibra a plantação, vasta de espinhos

O coração do sertanejo chora baixinho
olhos secos, refletindo a imensidade
de um Sertão grande, de valente mocidade
de um Sertão bravo, tão severo e tão sozinho

Das macambiras, açucenas e quadrilhas
do gado magro, chapéu de couro do vaqueiro
panos de chita, do Reisado e do Guerreiro
ergue-se um povo a cantar suas maravilhas

E nas noites de luar o Sertão vibra
estremece nas cordas de um violeiro
cantos de ouro, versos simples e brejeiros
rendem-se às glórias de um Sertão farto de vida!

sábado, 4 de junho de 2011


O Poeta
(a Narcélio Lima)

O poeta é um transeunte de destinos
por vielas de injúrias e de preces
por caminhos de cristãos e de hereges
segue rente à multidão, segue sozinho

Fiel compositor de descaminhos
é a ponte entre Deus, a terra e o homem
é o príncipe dos contos, o lobisomem
segue rente à ilusão, em desatino

O poeta tudo sabe e tudo diz
não cultiva a triste sina da verdade
livre e só, não reconhece a Realidade
segue rente à Eternidade - segue feliz!